segunda-feira, 9 de abril de 2012

07 DE ABRIL - Dia do Médico Legista


Nesta semana, mais precisamente no dia sete, comemorou-se o dia do Médico Legista. Trata-se de uma especialidade da medicina nem sempre bem compreendida pela população e que só é utilizada em momentos de perda familiar ou para concessão de laudos sobre lesões que farão parte de inquéritos criminais.
Quais são as atribuições do médico legista e qual a formação necessária para exercer a profissão?
As atribuições são realizar exames de lesão corporal diretos, indiretos e complementares, para violência sexual (de conjunção carnal e atentado violento ao pudor), teor alcoólico, toxicológico, necropsias e perícias diversas em processos de causa criminal. Essas perícias são realizadas exclusivamente em processos de causa criminal, sendo realizados somente mediante requisição escrita por parte das Autoridades competentes.
A formação necessária é de graduação em medicina (seis anos) e a seguir residência em Medicina Legal ou curso de formação específica nessa área.
Qual é a parte mais difícil da profissão? E o lado bom?
Em relação ao trabalho nesta região, a parte mais difícil atualmente se refere a haver apenas um profissional contratado para atuar havendo em consequência uma sobrecarga de trabalho.
E em relação aos exames, a parte mais difícil é quando há um crime com inúmeras entradas e saídas de projéteis no corpo de uma vítima, isso realmente se torna muito desgastante em virtude da infinidade de dados que devem ser extraídos do corpo da vítima, exigindo horas e horas de trabalho, concentração absoluta e ainda risco de acidentes (lesões com agulhas, lâminas de bisturi etc).
A gratificação da profissão de médico legista é saber que este trabalho tem auxiliado, principalmente, no esclarecimento dos crimes, que consiste no maior objetivo, evitando assim, que ocorram injustiças nos julgamentos.
Quais os cuidados que o médico legista deve ter no exercício da sua profissão?
Quanto à ética médica, é preciso ser imparcial e não tomar posicionamentos quanto a pré-julgamentos das situações nas quais os pacientes ou vítimas estão envolvidas, pois a investigação e julgamento desses casos cabe às autoridades competentes; manter sigilo dos laudos e relatos a ele apresentados tanto pelos pacientes como pelas autoridades.
Quanto aos cuidados durante os exames é preciso tomar todas as precauções necessárias para evitar ferimentos e contaminação com o material biológico manuseado e/ou contaminar o material biológico que é coletado. Também é preciso procurar acrescentar o máximo de dados possíveis aos laudos que estão sendo realizados, aperfeiçoando-os constantemente para auxiliar da melhor maneira possível no esclarecimento dos fatos que estão sendo apurados.
Quais são os anseios dos médicos legistas para a classe profissional?
Um salário mais justo, compatível com a responsabilidade exercida e a carga horária de trabalho; dispor de mais médicos legistas, auxiliares de perícia e material ideal para o trabalho, obtendo, assim, melhores resultados; maiores incentivos para aperfeiçoamento profissional, o que reverteria em otimização de meios e resultados, auxiliando o Poder Judiciário na justa aplicação da lei.
Essa é uma profissão que trabalha em todos momentos com a morte. Qual sua visão da morte? Como lida com isso em sua profissão?
A morte é uma situação difícil de ser aceita por qualquer ser humano. Compreendo o sofrimento de todas as famílias cujos parentes necessitam ser submetidos a necropsia em virtude de morte violenta. Como legista, tento minimizar ao máximo eesse sentimento, dentro do possível, agilizando a liberação do corpo dentro da legalidade. Lido com a morte com o respeito e profissionalismo pertinentes à profissão.
Um grande triunfo obtido, que igualmente acontece em outras cidades, em favor da população, foi a conscientização dos médicos da região na verificação do óbitos de cadáveres que não foram vítimas de morte violenta, os quais anteriormente eram submetidos desnecessariamente a necropsia, necessitando passar por todos os trâmites da autoridade policial e necessitando aguardar as 6 horas previstas por lei para o início da necropsia, o que tornava ainda maior o sofrimento dos familiares.
Muitas destas necropsias são de crimes de autoria incertas ou desconhecidas, cercadas de mistério e dúvidas, onde cada detalhe poderá ter valores imensuráveis na investigação e seu direcionamento. O benefício e a demora desse trabalho, às vezes, não é compreendido e é pouco aceito pela população, mas reverterá aos mesmos esclarecendo da maneira mais exata possível os fatos que desencadearam o evento. Ao contrário disso, o imediatismo para liberação dos corpos pode vir a desencadear a necessidade de futura exumação do corpo.
Francine de Oliveira
Fonte: www.gazeta-rs.com.br

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