sexta-feira, 25 de novembro de 2011

25/11 - Dia Nacional do Doador de Sangue

Dia 25 de novembro é o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue. A data foi criada em 1964 para reconhecer a doação voluntária de sangue como um ato de solidariedade humana. Todos sabem da importância dessa ação, mas nunca é demais lembrar e falar sobre o assunto.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o número de doadores de sangue de um país seja de 3% a 5% do total da população. No Brasil, cerca de 2% apenas é doador de sangue. Um levantamento divulgado pela Fundação Pró-Sangue, no ano passado, aponta que, entre os doadores do Estado de São Paulo, as doações caem conforme a idade aumenta. Verificou-se que a maior parte dos doadores está na faixa etária de 18 a 29 anos, representados por 37% do total. A essa faixa segue o grupo de pessoas que têm de 30 a 39 anos (31%). Em seguida vêm as pessoas entre 40 e 49 anos (21%) e aqueles que estão entre 50 e 59 anos (9%). Os últimos 2% são representados pelas pessoas da terceira idade.
Há mais de cem anos que os cientistas tentam criar um substituto para o sangue, mas - infelizmente – esse substituto ainda não foi encontrado. As transfusões dependem - e muito - da solidariedade de outras pessoas; único modo de se obter esse líquido tão precioso. A ironia é que à medida em que a medicina avança e melhora seus procedimentos, mais sangue é necessário e mais sangue escasseia. Imagine quantos acidentes, quantas intervenções cirúrgicas e quantos tratamentos ocorrem a todo momento, e cujo uso de estoques é imprescindível. Por exemplo, alguns tratamentos de câncer destroem a medula óssea (que fabrica as células sanguíneas). Para a recuperação do paciente, são necessárias dez unidades de sangue diárias durante vinte dias. Estimativas mostram que o mundo todo precisa de 7,5 milhões de litros de sangue a mais por ano.

História da transfusão de sangue

Desde os tempos mais remotos acreditava-se que era ele quem dava e sustentava a vida. Presente em rituais e lendas, o sangue sempre teve uma carga simbólica muito forte ao longo da história da humanidade. Exemplos da sua importância no imaginário religioso e popular são a passagem bíblica da Santa Ceia, em que Cristo compara o vinho ao seu próprio sangue; além das histórias de vampiros, que hoje são figuras bastante presentes na literatura e no cinema (inclusive, hoje em dia, quase uma coqueluche entre os adolescentes por causa dos livros e filmes da saga Crepúsculo).
A primeira tentativa de se fazer uma transfusão que se tem notícia foi em 1492, quando - para salvar o idoso e muito doente Papa Inocêncio VIII (1432-1492) - o médico selecionou três jovens sadios, cujo sangue foi retirado e dado ao Papa para que ele o ingerisse. Não deu nada certo: os meninos e o Papa morreram e o médico teve de fugir da cidade. Ao longo dos séculos, muitas experiências de transfusões foram realizadas utilizando-se animais e humanos. Umas eram bem-sucedidas e outras não; o que acabou acarretando - em alguns lugares - a proibição das experiências. A primeira transfusão bem-sucedida de um humano para outro humano ocorreu em 1818 e foi feita pelo obstetra britânico James Blundell. Neste caso, uma mulher, que sofreu uma hemorragia durante o parto, recebeu o sangue do marido.
Só em 1900, que se descobriu que havia tipos de sangue diferentes (A, B, AB e O) e com certas compatibilidades entre si. O autor da façanha foi o patologista austríaco Karl Landsteiner que, mais tarde - em 1930 - receberia o prêmio Nobel. Aí, então, é que conseguiu-se compreender porque certas transfusões davam certo e outras não.

Perguntas e respostas sobre o sangue e a doação

De que é feito o sangue?
Basicamente, o sangue é composto de plasma e células.
O plasma é a parte líquida do sangue (55% do seu total), onde os demais componentes flutuam e são conduzidos através do corpo. Nele estão dissolvidos eletrólitos (sódio, potássio, bicarbonato, cálcio, magnésio), nutrientes, glicose, colesterol, vitaminas, hormônios e proteínas. Estas últimas apresentam funções diversas: algumas são coagulantes (como o fibrinogênio); outras “organizam” a circulação, ajudando a transportar substâncias (neste caso é a albumina) e outras fazem parte do sistemas imunológico (imunoglobina).

Em relação às células, existem:
- As vermelhas (hemácias, eritrócitos ou glóbulos vermelhos) que são as mais abundantes e que dão a cor vermelha. Para se ter uma ideia, existem 5 a 6 milhões deles em uma gota de 1 milímetro cúbico de sangue. Sua função principal é transportar oxigênio dos pulmões até as outras células do corpo, com a ajuda da proteína hemoglobina.
- As brancas (leucócitos ou glóbulos brancos) fazem parte do sistema imunológico e ajudam nosso corpo a se defender de infecções. Há cerca de 5 mil a 10 mil em uma única gota de sangue.

Quanto sangue existe em nosso corpo?
O sangue percorre todo o nosso corpo e constitui de 7% a 8% de nosso peso. O corpo de um adulto possui aproximadamente 5 litros de sangue.

Quais são os tipos e no que eles se diferem?
Há 4 tipos ou grupos sanguíneos - A, B, AB e O - e essa diferenciação ocorre devido à presença ou ausência de determinadas substâncias (aglutinogênios e aglutininas) no sangue. Aglutigênios são antígenos (substâncias que induzem a produção de anticorpos) encontrados nas superfícies das células vermelhas do sangue (hemácias) e determinam o tipo sanguíneo. Aglutininas são proteínas encontradas no plasma sanguíneo e são anticorpos que reagem contra os aglutigênios.
Assim, os indivíduos pertencentes ao grupo AB possuem aglutinogênios A e aglutinogênios B, mas são desprovidos de quaisquer aglutininas; os indivíduos portadores de sangue tipo A possuem aglutinogênios A e aglutininas anti-B; os pertencentes ao grupo B possuem aglutinogênios e aglutininas anti-A; os indivíduos do grupo O, finalmente, possuem aglutininas anti-A e aglutininas anti-B, sendo, portanto, destituídos de quaisquer aglutinogênios.
Se tudo isso pareceu muito confuso, talvez o quadro ajude a visualizar melhor a composição dos tipos de sangue: 

GRUPO SANGUÍNEO AGLUTINOGÊNIO AGLUTININA NO PLASMA
A A anti-B
B B anti-A
AB AB -
O - anti-A e anti-B

Além disso, há também uma proteína envolvida chamada fator Rh, que seguindo a mesma lógica, acaba sendo representada dessa forma: está presente (+) ou está ausente (-). Então, os tipos sanguíneos são descritos como tipo e fator Rh (como O+ , A+, AB-).

Como é a lógica das transfusões, de acordo com os tipos de sangue?
As transfusões só podem ser feitas entre indivíduos com tipos de sangue compatíveis entre si. Se você pertence ao tipo O, pode doar para qualquer um (doador universal), mas só recebe de alguém do mesmo grupo. Se for AB, ocorre o contrário – aceita qualquer tipo de sangue - mas só doa para outro AB. Por isso é chamado de receptor universal, mas é considerado o mais raro de todos.
Os tipos A e B recebem sangue O e doam a AB. Somente em situações de urgência/emergência lança-se mão de sangue universal O.


Se não combinassem devidamente, o receptor sofreria com a formação de coágulos (massas de sangue) em resposta ao sangue do doador. Os coágulos acarretariam em ataques cardíacos, embolismos e derrames (reações a transfusões).
Essa coagulação ocorre justamente em razão da incompatibilidade entre os tipos, a partir da reação das aglutininas com os aglutigênios (explicados nos tópicos anteriores).

Quanto sangue de cada indivíduo pode ser doado?
A doação é sempre realizada de modo que a quantidade retirada nunca prejudique o doador. O volume máximo permitido para uma doação é de 450 ml, aos quais podem ser acrescidos até 30 ml para a realização de exames laboratoriais exigidos por leis e normas técnicas.

Em quanto tempo o sangue doado é reposto pelo organismo?
A parte líquida (plasma) é reposta em 24h e os glóbulos vermelhos em cerca de 1 mês. Já o estoque de ferro, para os homens, demora 2 meses para ser reposto. Para as mulheres, a reposição do ferro demora cerca de 3 meses, devido ao período menstrual. Após a doação não é necessário tomar nenhum tipo de medicação.

Mulheres menstruadas podem doar sangue?
Sim, normalmente.

Doar sangue afina ou engrossa o sangue? Emagrece ou faz engordar?
Não, nada disso acontece.

O uso de medicamento pode impedir alguém de doar?
Deve ser analisado caso a caso. É recomendável consultar o serviço de hemoterapia antes de doar.

Orientações para antes e depois da doação

Para fazer a doação de sangue, o interessado deve preencher os seguintes requisitos:
- Estar em boas condições de saúde;
- Ter entre 18 e 65 anos;
- Pesar no mínimo 50 Kg;
- Estar descansado e alimentado (evitar alimentação gordurosa nas 4 horas que antecedem a doação);
- Dormir pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas que antecedem a doação;
- Apresentar documento de identificação com foto emitido por órgão oficial (Carteira de identidade, Cartão de identidade de Profissional Liberal, Carteira de Trabalho e Previdência Social, Passaporte e CNH).

Depois da doação, recomenda-se:
- Evitar esforços físicos exagerados por pelo menos 12 horas;
- Aumentar a ingestão de líquidos;
- Não fumar por cerca de 2 horas;
- Evitar bebidas alcóolicas por 12 horas;
- Manter o curativo no local da punção por pelo menos de 4 horas;
- Não dirigir veículos de grande porte, trabalhar em andaimes, praticar paraquedismo ou mergulho.

Além disso, os especialistas pedem que o intervalo entre doações seja de, no mínimo, 60 dias para os homens e 90 dias para as mulheres. Portanto, isso significa que um homem pode fazer até 4 doações por ano, enquanto que a mulher apenas 3.

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