1) Por que cigarros, charutos,
cachimbo, fumo de rolo e rapé fazem mal à saúde?
Todos esses derivados do tabaco,
que podem ser usados nas formas de inalação (cigarro, charuto, cachimbo,
cigarro de palha), aspiração (rapé) e mastigação (fumo-de-rolo), são nocivos à
saúde. No período de consumo destes produtos são introduzidas no organismo mais
de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo nicotina (responsável pela dependência
química), monóxido de carbono (o mesmo gás venenoso que sai do escapamento de
automóveis) e alcatrão, que é constituído por aproximadamente 48 substâncias
pré-cancerígenas, como agrotóxicos e substâncias radioativas (que causam
câncer).
2) Quais os derivados do tabaco
mais agressivos à saúde e como agem?
A fumaça do cigarro possui uma
fase gasosa e uma particulada. A fase gasosa é composta por monóxido de
carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído e acroleína, entre outras
substâncias. Algumas produzem irritação nos olhos, nariz, garganta e levam à
paralisia dos movimentos dos cílios dos brônquios. A fase particulada contém
nicotina e alcatrão, que concentra 48 substâncias cancerígenas, entre elas
arsênico, níquel, benzopireno, cádmio, chumbo, além de resíduos de agrotóxicos
aplicados nos produtos agrícolas e substâncias radioativas.
3)Como o cigarro atua
quimicamente no organismo?
A fumaça do tabaco, durante a
tragada, é inalada para os pulmões, distribuindo-se para o sistema circulatório
e chegando rapidamente ao cérebro, entre 7 e 9 segundos. Além disso, o fluxo
sangüíneo capilar pulmonar é rápido, e todo o volume de sangue do corpo
percorre os pulmões em um minuto. Dessa forma, as substâncias inaladas pelos
pulmões espalham-se pelo organismo com uma velocidade quase igual a de
substâncias introduzidas por uma injeção intravenosa.
4) O que causa a dependência do
cigarro?
A nicotina, que é encontrada em
todos os derivados do tabaco (charuto, cachimbo, cigarro de palha, etc) é a
droga que causa dependência. Esta substância é psicoativa, isto é, produz a
sensação de prazer, o que pode induzir ao abuso e à dependência. Por ter
características complexas, a dependência à nicotina é incluída na Classificação
Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde - CID 10ª revisão. Ao
ser ingerida, produz alterações no Sistema Nervoso Central, modificando assim o
estado emocional e comportamental dos indivíduos, da mesma forma como ocorre
com a cocaína, heroína e álcool.
Depois que a nicotina atinge o
cérebro, entre 7 a 9 segundos, libera várias substâncias (neurotransmissores)
que são responsáveis por estimular a sensação de prazer (núcleo accubens),
explicando-se assim as boas sensações que o fumante tem ao fumar. Com a ingestão
contínua da nicotina, o cérebro se adapta e passa a precisar de doses cada vez
maiores para manter o mesmo nível de satisfação que tinha no início. Esse
efeito é chamado de tolerância à droga. Com o passar do tempo, o fumante passa
a ter necessidade de consumir cada vez mais cigarros. De tal forma que, a
quantidade média de cigarros fumados na adolescência, nove por dia, na idade
adulta passa a ser de 20 cigarros por dia. Com a dependência, cresce também o
risco de se contrair doenças debilitantes, que podem levar à invalidez e à
morte.
5) Por que as pessoas começam e
continuam a fumar?
Em decorrência da publicidade ser
dirigida principalmente aos jovens e fornecer uma falsa imagem de que fumar
está associado ao bom desempenho sexual e esportivo, ao sucesso, à beleza, à
independência e à liberdade. A maioria dos fumantes torna-se dependente da
nicotina antes dos 19 anos de idade. Conscientes de que a nicotina gera
dependência, os fabricantes de cigarros gastam milhões de dólares em publicidade
dirigidas aos jovens. Apesar da lei de restrição da propaganda de produtos
derivados do tabaco, sancionada no Brasil em dezembro de 2000, as falsas
imagens continuam influindo fortemente no comportamento de jovens e adultos.
6) Quais são as doenças causadas
pelo uso do cigarro?
O tabagismo é diretamente
responsável por 30% das mortes por câncer, 90% das mortes por câncer de pulmão,
25% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar
obstrutiva crônica e 25% das mortes por doença cerebrovascular. Outras doenças
que também estão relacionadas ao uso do cigarro são aneurisma arterial,
trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e
impotência sexual no homem. Estima-se que, no Brasil, a cada ano, 200 mil
pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo, número
que não pára de aumentar.
7) Existem outras desvantagens em
ser fumante?
Os fumantes adoecem com uma
freqüência duas vezes maior que os não fumantes. Têm menor resistência física,
menos fôlego e pior desempenho nos esportes e na vida sexual do que os não
fumantes. Além disso envelhecem mais rapidamente e apresentam um aspecto físico
menos atraente, pois ficam com os dentes amarelados, pele enrugada e impregnada
pelo odor do fumo.
8) Quais são os riscos para a
mulher grávida?
A mulher grávida que fuma, além
de correr o risco de abortar, tem uma maior chance de ter filho de baixo peso,
menor tamanho e com defeitos congênitos. Os filhos de fumantes adoecem duas
vezes mais do que os filhos de não fumantes.
9) E os não fumantes, como ficam
nessa história?
Basta manter um cigarro aceso
para poluir um ambiente com as substâncias tóxicas da fumaça do cigarro. As
pessoas passam 80% do seu tempo em ambientes fechados. Ao fim do dia, em um
ambiente poluído, os não fumantes podem ter respirado o equivalente a 10
cigarros. Fumar em ambientes fechados prejudica as pessoas com quem o fumante
convive: filhos, cônjuge, amigos e colegas de trabalho. Ao respirar a fumaça do
cigarro, os não fumantes correm o risco de ter as mesmas doenças que o fumante.
10) Quais os danos ao meio
ambiente?
Florestas inteiras são devastadas
para alimentar os fornos à lenha que secam as folhas do fumo antes de serem
industrializadas. Para cada 300 cigarros produzidos uma árvore é queimada.
Portanto, o fumante de um maço de cigarros por dia sacrifica uma árvore a cada
15 dias. Para a obtenção de safras cada vez melhores, os plantadores de fumo
usam agrotóxicos em grande quantidade, causando danos à saúde dos agricultores
e ao ecossistema. Além disso, filtros de cigarros atirados em lagos, rios,
mares, florestas e jardins demoram 100 anos para se degradarem. Cerca de 25% de
todos os incêndios são provocados por pontas de cigarros acesas, o que resulta
em destruição e mortes.
11) A produção de fumo gera
perdas para o país?
Segundo o Banco Mundial, o
consumo do fumo gera uma perda mundial de 200 bilhões de dólares por ano,
representados por: sobrecarga do sistema de saúde com tratamento das doenças
causadas pelo fumo; mortes precoces de cidadãos em idade produtiva; maior
índice de aposentadoria precoce; faltas ao trabalho de 33 a 45% a mais; menor
rendimento no trabalho; mais gastos com seguros; mais gastos com limpeza,
manutenção de equipamentos e reposição de mobiliários; maiores perdas com
incêndios; redução da qualidade de vida do fumante e de sua família.
12) O que é tabagismo passivo?
É a inalação da fumaça de
derivados do tabaco por indivíduos não fumantes que convivem com fumantes em
ambientes fechados. A poluição decorrente da fumaça dos derivados do tabaco em
ambientes fechados é denominada de Poluição Tabagística Ambiental (PTA) e,
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a maior responsável pela
poluição em ambientes fechados. Hoje estima-se que o tabagismo passivo seja a
3ª maior causa de morte evitável no mundo, subseqüente ao tabagismo ativo e ao
consumo excessivo de álcool.
13) Como o tabagismo passivo
afeta a saúde?
Os não fumantes que respiram a
fumaça do tabaco têm um risco maior de desenvolver doenças relacionadas ao
tabagismo. Quanto maior o tempo em que o não fumante fica exposto à poluição
tabagística ambiental, maior a chance de adoecer. As crianças, por terem uma
freqüência respiratória mais elevada, são mais atingidas, sofrendo
conseqüências drásticas sobre a sua saúde, incluindo bronquite e pneumonia,
desenvolvimento e exacerbação da asma e infecções do ouvido médio.
14) Quais são os riscos para as
crianças que convivem com fumantes em ambientes fechados ?
As crianças, especialmente as
mais novas, são muito prejudicadas quando expostas à poluição tabagística
ambiental, o que ocorre freqüentmente por culpa dos pais. Um estudo da OMS,
envolvendo 700 milhões de crianças que vivem com fumantes em casa (cerca de
metade das crianças do mundo), mostrou que essas crianças apresentaram um
aumento de incidência de pneumonia, bronquite, exacerbação de asma, infecções
do ouvido médio, além de uma maior probabilidade de desenvolvimento de doença
cardiovascular na idade adulta. Nos casos em que a mãe é fumante, estima-se uma
chance maior (70%) para infecções respiratórias e de ouvido médio do que nos
casos em que a mãe não é fumante. Esta chance torna-se mais elevada (30%) se o
pai é fumante, em crianças de até 1 ano de idade. A chance aumenta mais ainda
(50%) caso haja mais de dois fumantes em casa, convivendo com essas crianças.
(WHO, World Tobacco Day"s,2001).
15) A ventilação nos ambientes
pode eliminar a poluição tabagística ambiental?
Não. Embora uma boa ventilação
possa ajudar a diminuir a irritação nos olhos, nariz e garganta causada pela
fumaça, ela não elimina seus componentes tóxicos. Quando áreas de fumantes e de
não fumantes compartilham o mesmo sistema de ventilação , a fumaça se dispersa
por toda a área, pois circula através das tubulações de sistemas de
refrigeração central. Dessa forma, opções defendidas pela indústria, tais como
separação de áreas para fumantes e não fumantes em um mesmo ambiente com um
mesmo sistema ventilatório, ou mesmo o aumento da troca de ar através de um
sistema especial de ventilação, não eliminam a exposição dos não fumantes. As
áreas de fumantes (fumódromos) somente podem ajudar a proteger a saúde dos não
fumantes quando são completamente isoladas, com sistema de ventilação separado,
não permitindo que o ar poluído circule pelo prédio, e quando os funcionários
não precisam passar através dessa área.
16) As imagens e frases de
advertência nos maços de cigarros causam impacto?
Espera-se que as novas
advertências nos maços de cigarros reduzam a prevalência de fumantes e previnam
a experimentação do produto, especialmente pelos jovens e crianças. Essa medida
está inserida em um conjunto de estratégias de promoção da saúde que envolvem
ações nos âmbitos educativo, legislativo e econômico, todas elas com o objetivo
de reduzir a exposição da população ao tabagismo. Além dessa informação, também
constam nos maços de cigarros os teores de nicotina, alcatrão e monóxido de
carbono e o telefone do "Disque Pare de Fumar", um serviço de
orientação à população para deixar de fumar.
17) Existem números e pesquisas
que comprovem que as imagens nos maços diminuem o número de fumantes?
Sim. As pesquisas feitas sobre
esse tipo de imagens nos maços demonstram que elas funcionam. No Brasil, uma
pesquisa realizada em abril de 2002 pelo Instituto Data Folha, com 2.216
pessoas maiores de 18 anos em 126 municípios de todo país, revelou que:
• 70% dos entrevistados acreditam
que as imagens são eficientes para evitar a iniciação ao tabagismo;
• 67% dos fumantes sentiram
vontade de abandonar o fumo desde o início da veiculação das novas
advertências;
• 54% mudaram de idéia sobre os
malefícios causados no organismo e estão preocupados com a saúde.
Outra pesquisa, realizada pelo
serviço Disque Pare de Fumar, do Ministério da Saúde, no período de março a
dezembro de 2002 com 89.305 pessoas, revelou que 62,67% consideram as imagens
um ótimo serviço prestado à comunidade. Além disso, durante as comemorações do
dia 27 de novembro de 2002 (Dia Nacional de Combate ao Câncer) foi realizada
uma pesquisa piloto com 650 pessoas durante uma feira de saúde promovida no
município do Rio de Janeiro. O estudo concluiu, dentre outros resultados, que
62% dos entrevistados consideram que as imagens de advertência estimulam as
pessoas a deixar de fumar.
18) Qual o papel do Instituto
Nacional de Câncer no controle do tabagismo?
O Instituto Nacional de Câncer
(INCA) é o órgão do Ministério da Saúde responsável pela coordenação da
política de controle do câncer e doenças relacionadas ao tabagismo no Brasil.
Com esse objetivo e através da Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV)
o INCA desenvolve estratégias voltadas para socializar as informações sobre o
câncer, suas possibilidades de prevenção e estimular mudanças de comportamento
na população que, a médio e longo prazos, contribuam para a redução da
incidência e mortalidade por câncer e doenças tabaco-relacionadas no país.
19) Existe tratamento gratuito
para parar de fumar?
Todo fumante hoje tem direito a
atendimento gratuito para deixar de fumar em instituições ligadas ao SUS.
Procure os postos de saúde próximos de casa ou do trabalho, e se informe sobre
locais e horários de tratamento para tabagismo.
20) Já tentei várias vezes, mas
sempre voltei a fumar. Será que um dia conseguirei parar em definitivo?
Sim, você conseguirá. Sendo o
tabagismo uma dependência química, é esperado que a pessoa faça de 3 a 4
tentativas antes de parar definitivamente. A cada tentativa, você vai conhecendo
suas maiores dificuldades e aprendendo a controla-las, sem ter que fumar.
Exemplo: você resolve parar de
fumar, e ao estar diante de uma situação de estresse, pensa em fumar um cigarro
como solução para se acalmar. Com o tempo você vai aprendendo que, além do
cigarro não resolver seus problemas, ele está tirando sua saúde.
21) É mais difícil a mulher parar
de fumar do que o homem?
Homens e mulheres têm formas
distintas de lidar com o tabaco. Na mulher o uso de cigarros muitas vezes está
associado a mudança de humor, e essa tendência pode criar dificuldades
diferenciadas diante da abstinência. O importante é conhecer essas
especificidades e poder oferecer o tratamento adequado, para que as chances de
sucesso sejam maiores.